quinta-feira, 6 de junho de 2013

O inútil

Tá certo, meu caro leitor ou querida leitora, que se não fosse por ele você não estaria agora aqui, lendo estas modestas linhas. Mas também não precisavam exagerar, a ponto de ser algo que você tivesse que carregar consigo pela vida inteira, sendo que ele já se tornou obsoleto no próprio dia em que você nasceu. Ainda se a gente ao menos pudesse escolher o modelo e o estilo, como se faz ao decidir qual o tipo de tatuagem que combina e fica melhor em nossa pele, à espera do verão...
Mas não. Tirando alguns aspectos tridimensionais de design, largura e profundidade, todos são muito parecidos uns com os outros. A diferença só vai aparecer e ficar bem caracterizada depois de alguns meses, talvez anos, da vida do seu portador. Só aí é que se revela qual técnica e o grau de habilidade de quem o executou. Sim, pois há uma grande diferença nos que são produzidos, por exemplo, no agreste nordestino daqueles originários da zona sul do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Os primeiros tem o toque rústico e singelo de um produto tipicamente artesanal, feitos por mãos calejadas e sofridas, enquanto que estes últimos revelam todo o avanço e aparato tecnológico que os seus realizadores têm por trás de si.
Para algo que não é capaz de produzir nenhum som ou sinal, até que ele cumpre de forma correta o seu papel, bem pretensioso por sinal, que é o de querer sempre estar na frente e chegar primeiro em todo lugar ou ambiente frequentado por você. Devia mais era se colocar no seu modesto lugar e deixar de ser tão intruso, uma vez que até para praticar simples e corriqueiros hábitos diários de higiene, dependendo da forma física do seu portador, ele se mostra arredio e inacessível.
E embora seja tão inexpressivo, inútil e obscuro, ainda existem pessoas que só sabem e insistem em olhar para ele como se fosse o centro do universo. São essas mesmas criaturas, que querendo transforma-lo numa extensão de sua personalidade, insistem em adorná-lo com piercings, brincos e outros penduricalhos, tentando alterar alguma coisa em matéria de seu status ou sofisticar a sua aparência.
Mas nada disso muda a sua missão e o seu destino. Não importa quanto tempo demore, o certo é que ele irá para o túmulo juntamente com o seu dono. Ou dona, pois praticamente não existem diferenças entre umbigos masculinos ou femininos...

2 comentários:

  1. Eu achei que vc tava falando do falo..kkkk Muito bom. Bjkas

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    1. Eu jamais cometeria a heresia de chamá-lo de inútil, muito pelo contrário... rsrs Obgd pela visita e comentário.

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