Sinceramente, estou ficando de saco cheio com esse papo de "politicamente correto" pra cá, "politicamente correto" pra lá. Onde quer que se vá, em qualquer ambiente que se esteja, o que quer que você faça, sempre tem alguém patrulhando suas atitudes e comportamento, exercendo uma censura prévia em cima de tudo aquilo que você faz ou pense, com o qual não concordam.
Descendente direto do imbecilíssimo "quem pode manda, quem tem juízo obedece", o "politicamente correto" guarda em suas raízes o mesmo grau de bundamolismo que nivela por baixo todos os medíocres, os pusilânimes e os covardes em seus pensamentos, palavras e obras.
Escorado no caráter cego, surdo e mudo do coletivo inconsciente, todo sujeito politicamente correto carrega consigo uma vontade incontrolável de manter-se isento de qualquer envolvimento ou compromisso, oculto por uma nuvem obscura que encobre o desejo constante de aprovação por seus pares, que pensam da mesma forma e a condenação - leia-se crítica - a quem não se enquadre no seu ambiente de conluio.
O politicamente correto não tem escrúpulos nem mede as consequências de estar sempre tirando o corpo fora quando se trata de encarar de frente um desafio ou manifestar uma posição ideológica. Para ele é extremamente cômodo adjetivar os adversários de "politicamente incorretos" quando os interesses em jogo possam reverter em benesses para o seu lado. Entendem que ser "politicamente correto" significa estar do lado da situação, portanto de quem está com a faca e o queijo na mão, segurando a chave do cofre e a da porta de saída.
Não é preciso ser muito inteligente, nem estar mergulhado até o pescoço no sistema para saber o que isso significa e o quanto vale em cenários marcados por corrupção, jogos de interesse, nepotismos, caça às bruxas e desmandos de toda natureza, muito comuns em certos países situados abaixo da linha do Equador.
E olha que não estou me referindo apenas a cenários políticos propriamente ditos. Os "politicamente corretos" estão por toda parte, nas ruas, nas empresas, nas fábricas, nas igrejas e até mesmo dentro das residências. Basta prestar um mínimo de atenção para se enxergar alguém sempre com o dedo em riste e pronto para apontar nos outros aquilo que fazem questão absoluta de ocultar em si próprios...