quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Reinos e reinados...


Não sei bem se ouvi de alguém ou li em qualquer lugar, mas o fato é que o comentário era sobre o rei Edward VII da Inglaterra, que preferiu abdicar do trono para se casar com a americana Wallis Simpson, divorciada e plebéia até o último fio de cabelo. Aliás, esse episódio verídico, que sacudiu os bastidores da realeza britânica na primeira metade do século XX acabou recentemente se transformando em filme de sucesso. Uma história que fez na época muita mocinha casadoira suspirar de inveja e maldizer sua condição de encalhada. Quem deve ter gostado disso foi a Rainha Elisabeth II, essa mesma vovó do Príncipe William: com a renúncia de Edward, quem assumiu foi o Rei George VI, que ao morrer permitiu à jovem princesa sair do banco de reservas e sentar no trono.
Muitos e muitos séculos antes, também na Inglaterra, Shakespeare tomou para si a voz do rei na peça Ricardo III e fez com que Sua Majestade, um sujeito que semeou crueldade em tudo quanto é lugar que pisou, bradasse a plenos pulmões antes de ser derrotado na batalha de Bosworth, vencida pelo conde de Richmond: "Meu reino por um cavalo!".
Quis com isso fazer a galera acreditar que só perdeu a escaramuça porque estava a pé. Dá a impressão que já naquela época os caras arranjavam desculpas esfarrapadas pelos seus fracassos, antecedendo o que certos pilotos de Fórmula 1 fazem atualmente, botando a culpa no câmbio, nos pneus, na pista, no vento, etc.
Mas não tergiversemos. Tá certo que as situações foram bem diferentes entre si, mas servem para ilustrar como de repente o poder, a dominação e a riqueza passam para segundo plano quando um valor mais alto - ou interessante - se alevanta...
Nem pensar em colocar em discussão, por exemplo, o reinado de Momo. Ele sabe que seu mandato expira ao final dos quatro dias de Carnaval e por isso faz de tudo para aproveitar ao máximo cada momento e saborear as glórias de ser saudado e reverenciado por onde quer que passe. Fora a inveja de todos os súditos cuecas, que babam só de olhar a corte do monarca gorducho, formada em sua maioria por gostosíssimas mulatas.
E como atualmente esse negócio de reinado anda meio em baixa, sobram expressões desdenhosas por parte daqueles e daquelas que acham super legal dar uma de bacaninha, principalmente quando estão numa roda de conhecidos e querem impressionar. O garotão bombado e totalmente vazio de conteúdo é capaz de dizer: "Um pedaço do meu bilau por mais uns 100 cavalos no motor da minha barata!", referindo-se ao próprio carro.
A gatinha fútil e superficial, que tem no GPS da cabeça a rota de todos os shoppings da cidade, vai querer mostrar sua total indiferença pelo romantismo e desprezo pelo sexo oposto, detonando: "Muito babaca pro meu gosto. Onde já se viu entregar um trono assim, de bandeja? Ainda mais por causa de uma periguete qualquer... Aff!"
E assim caminha a humanidade, fazer o que...

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