segunda-feira, 26 de maio de 2014

Vote em você

Se vc quer um país melhor, começe escolhendo bem em quem votar. Filtrar palhaços, ladrões e corruptos já é um bom começo. Eliminar candidatos à reeleição também é ótimo, vc já sabe do que eles eram capazes de fazer e não fizeram.
Cantores, esportistas aposentados, artistas de TV e cinema também não costumam fazer nada que preste quando conseguem se eleger. Muito cuidado com "rebeldes" e " revoltados", assim que se elegem eles se tornam cúmplices ou apaniguados do sistema e só o que fazem é criar barriga e tirar proveito próprio dos desvios de verbas e comissões (%) de concorrências públicas.
Por mais gostosas que sejam, não vote em periguetes. Nem nos sarados e malhadões. Nem em filhos de gente famosa. Chape logo um "vá de retro, Satanás!" para os candidatos "religiosos" de qualquer culto ou natureza.
Por último, mande pastar os que dizem "vamos lutar por melhores salários, educação de qualidade, saúde pública de primeiro mundo, mais condução e transportes, mesa farta, casa própria, etc, etc". Geralmente essa luta é para conseguir tudo isso para si mesmo e/ou para seus familiares, parentes e cupinchas em geral.
Promovendo essa higienização na política não quer dizer que você estará acertando nas moscas. Mas pelo menos estará reduzindo em muito os focos de podridão que costumam atraí-las...

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Ninguém merece...

Eles vandalizam lojas, bancos, bares, ninguém fala nada e ninguém vai preso; 
Fazem rolezinho, bagunçam shoppings e ninguém fala nada, ninguém vai preso; 
Queimam ônibus, carros, trens, ninguém fala nada e ninguém vai preso; 
Matam pessoas na rua porque estão com a camisa do time rival, ninguém fala nada e ninguém vai preso; 

Bandidos em motos roubam, assaltam, matam, ninguém fala nada e ninguém vai preso; 
Fazem arrastões em restaurantes, levam todos o dinheiro da casa, os pertences, bolsas, carteiras, relógios e celulares dos frequentadores, ninguém fala/faz nada e ninguém vai preso;
Pedófilos seduzem crianças, manifestantes invadem prédios públicos, marginais depredam escolas, agridem professores, ninguém fala nada e ninguém vai preso. 

Vendo tanta criminalidade e violência, sem que a Justiça puna com severidade e as leis sejam meros instrumentos literários manipulados por advogados sem escrúpulos, a população passa a acreditar nos julgamentos feitos na rua, a céu aberto e as punições realizadas com as próprias mãos. 

Aí uma turba de ignorantes miseráveis acredita em um boato disseminado irresponsavelmente por uma rede social e trucida uma pobre e inocente dona de casa, atribuindo a ela crimes de sequestro e tortura de crianças em rituais de magia negra. 

Agora não adianta falar nada, pois todo mundo sabe que ninguém irá preso e a pobre vítima será apenas mais um número, a engordar as estatísticas da criminalidade, que tanto prazer causam aos nossos governantes, independente de qual quadrilha partidária façam parte.

Um prazer indizível, pois sabem que ninguém vai questionar as estatísticas, nunca ninguém vai falar nada, eles nunca serão presos e semana que vem ninguém nem se lembrará mais disso...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Um pequeno defeito

Se tem um sujeito pacato, tranquilo, boa gente mesmo, esse cara é o Evilásio. No prédio onde trabalha há 16 anos como porteiro, não tem uma pessoa que tenha um tiquinho assim pra falar mal do Evilásio. Sempre gentil e solícito, conhece todos os moradores pelo nome, incluindo aí as crianças e até mesmo os visitantes mais frequentes.
Em casa, junto da família, Evilásio não é diferente: marido exemplar, pai amoroso de duas filhas, ótimo vizinho, tudo nele é modelo do cidadão mais que perfeito. Aos domingos, no seu dia de folga na semana, Evilásio cumpre religiosamente o mesmo ritual: sai de casa às 7 da manhã, rumo à feira livre do bairro, voltando por volta das 10, com duas sacolas cheias de verduras, frutas e legumes. Faz isso há décadas, cumprindo o que para ele deve representar o papel do provedor do lar, proporcionando à mulher e às filhas o melhor que lhe seja possível.
À tarde, ali pelas 5 horas, Evilásio veste um dos seus habituais ternos, o cinza ou o marrom, e, depois de lustrar seu melhor sapato social, empunha sua Bíblia e caminha a passos apressados, rumo à igreja pentecostal onde é um dos mais assíduos e bem quistos frequentadores. Chega em casa por volta das 9 da noite, com a alma leve, geralmente assobiando o último hino do culto.
E assim o Evilásio foi levando a sua vidinha tranquila, sem novidades ou sobressaltos, até aquela fatídica terça-feira, quando uma tontura, seguida de uma pontada na cabeça, o obrigaram a pedir ao Sr. Rodolfo, síndico do prédio, para sair mais cedo do trabalho. Como essa era a terceira vez que o Evilásio fazia tal pedido - as outras duas foram por ocasião do nascimento das duas filhas, hoje duas bonitas moças - o Sr. Rodolfo não fez objeção para que o Evilásio saísse do seu posto, com a recomendação expressa de que fosse imediatamente procurar um médico.
Evilásio chegou em casa, tomou uma chuveirada rápida e acompanhado da mulher e uma das filhas rumou direto para o hospital do seu convênio. Lá, após uma série de exames que se estenderam até altas horas da madrugada, veio o diagnóstico que acertou o Evilásio como bomba: um tumor de tamanho considerável havia se formado em seu cérebro e a necessidade de uma cirurgia urgente já se fazia necessária, por uma questão de pura sobrevivência. Todos os anjos disseram amém e na tarde daquele mesmo dia o Evilásio foi encaminhado para o centro cirúrgico e submetido à operação salvadora, procedimento que se estendeu por mais de 5 horas.
Depois de três longos dias ouvindo os apitos, guinchos e assobios dos aparelhos do CTI, Evilásio foi transferido para um leito na enfermaria, ao lado de três outros pacientes. Assim que apresentou alguma melhora, entre aliviado e contente por estar vivo depois de um susto tão grande, Evilásio tratou logo de fazer o que de melhor ele era capaz, ou seja, transformar os novos colegas em amigos. E assim foi, com o Evilásio logo conquistando a simpatia geral: pacientes, médicos, enfermeiras e até o pessoal da limpeza, todos eram unânimes em considerar o Evilásio como exemplo do super gente fina.
E foi justamente por isso que certa manhã o Evilásio achou muito estranho que estivessem removendo seu leito para uma outra ala, onde foi deixado sozinho, acompanhado apenas dos aparelhos e instrumentos de monitoração médica. Teve que esperar até o horário de visitas à tarde, quando por intermédio de sua mulher ficou sabendo que sua remoção ocorrera por uma razão absolutamente inusitada: ninguém mais suportava o ronco do Evilásio quando ele caía num sono mais pesado.
Assim, por vontade e solicitação da maioria, houve o pedido de sua remoção, aceito imediatamente pela administração do hospital, cuja sala ficava defronte à enfermaria onde o paciente Evilásio dos Santos estivera internado nas últimas semanas.
Típico caso de rejeição social, por razões mecânico-físico-biológicas. Tem hora que muita democracia é mesmo uma merda...