domingo, 21 de abril de 2013

A magia do ovo frito

Dia desses, num jantar informal em família, conversava-se a respeito do quanto é valioso a gente ter ao menos alguns conhecimentos básicos de cozinha e uma certa familiaridade com os chamados dotes culinários. Desde a habilidade no preparo de pratos sofisticadíssimos e multi-elaborados, até o clássico "não saber nem ferver água", o assunto acaba sempre provocando as mais variadas opiniões e comentários, quase sempre descambando para a galhofa e gozação quando trazem à memória uma lambança ocorrida por ocasião de alguma festividade onde tudo precisava dar certo e não foi bem o que aconteceu.
"Como, você não sabe nem fazer um macarrãozinho básico?", pergunta a tia mais veterana para a jovem namorada do sobrinho, que toda sem graça admite que entre ela e o fogão não existe, por assim dizer, uma proximidade das mais amistosas.
A cunhada zelosa e previdente apregoa em voz alta que desde pequenos ela ensinou os seus filhos "a se virar" na cozinha, afinal nunca se sabe quando vai ser preciso acalmar uma barriga roncando de fome, ainda mais no meio da madrugada...
Com a variedade de fast foods atualmente existentes, saber preparar uma refeição rápida deixou de ser uma preocupação das mais prementes. Há um bom tempo que saber cozinhar entrou para a categoria dos hobbies, justificando assim o sucesso dos programas culinários na televisão, bem como a infinidade de cursos de todos os níveis a disputar a preferência dos interessados.
Este singelo comentário poderia terminar por aqui, não fosse a magia e um certo mistério que sempre me fascinou e que diz respeito ao preparo do ovo frito. Entendo que fritar um ovo equivale à prática de um certo ritual, com etapas bem definidas de execução.
A começar pela temperatura, tanto do ovo quanto do óleo,que devem acompanhar uma certa relação de equivalência em relação ao tamanho da frigideira. Quanto maior este utensílio, maior o cuidado a se ter em relação à quantidade de óleo, pois aumenta o risco do ovo "pipocar", caso a temperatura esteja por demais elevada. Esse risco triplica na hipótese do ovo achar-se demasiadamente refrigerado: o choque térmico provoca inevitavelmente o estouro da gema e a formação de bolhas igualmente explosivas da clara e bem na cara do culinarista menos atento.
O sal na medida certa é outra etapa essencial no processo. Existem as pitadas de dois, de três e de quatro dedos. Para mim a de dois dedos é a ideal, pura questão de gosto, geralmente aplicada tão somente sobre a gema inteira, ainda durante a fritura. 
E quanto ao ponto certo de textura? Duro ou mole? Bom salientar que estamos nos referindo à gema, certo?
Nada mais chato para o apreciador - como eu - de gema mole ouvir o fatídico "Ih, furou a gema!". Ovo frito com a gema mole, bem em cima de um arroz soltinho, cozido na hora, hummmm, eu sou dos que não resistem...
Meus caríssimos leitores: pode ser que vocês sequer sejam apreciadores de ovo frito. Afinal, não existe mesmo muito glamour em se dizer "Comi um ovo frito inesquecível!". Mas se você pensa como eu, que na hora da fome o negócio é se virar, fica aí a dica para quem, na hora da fome braba, ovo frito é um verdadeiro manjar dos deuses...


Nenhum comentário:

Postar um comentário