sexta-feira, 26 de abril de 2013

Na fila de espera


Essa gripe H1N1 tem dado mesmo o que falar. A começar pelo seu "nome de guerra" - gripe suína - que desde a primeira epidemia tem deixado todo mundo, e os palmeirenses em particular, com a cabeça mais quente do que a febre provocada pela moléstia.
Como sempre, é nesta época do ano que a gripe vira uma ameaça mais real do que a provocada pela bandidagem que campeia solta por todo o Estado de São Paulo. "Está sob controle!", brada o governador, exibindo como sempre o seu costumeiro maço de folhas de pesquisa, diante de mais um problema que afeta a população completamente desprotegida e sem ter a quem recorrer. Também na esteira de mais um surto, rola na mídia a famigerada campanha de vacinação promovida pelo governo federal, cuja eficácia está bem longe de ser aferida e comprovada.
A exemplo do que ocorre na maior parte dos países africanos, desprovidos de praticamente todo e qualquer meio civilizado de sobrevivência, aqui essas doenças típicas do subdesenvolvimento, como gripe, dengue, cólera e febres em geral só não matam mais do que bala de "revórver", como na letra do imortal samba "Tiro ao Árvaro", de Adoniram Barbosa.
É, meus amigos, a coisa por aqui tá feia. E como quem tem, tem medo, lá fui eu dia desses, rumo ao posto de saúde aqui do bairro, levar minha senilidade para ser protegida da famigerada gripe da estação. No posto tive a alegria de reencontrar algumas pessoas que ao longo deste e de boa parte do século passado foram meus vizinhos, amigos e conhecidos. Os cabelos brancos e as rugas exibidas pela maioria eram como documentos originais, atestando que embora a gente seja de uma época com bem menos recursos do que agora, até que fomos bem fortes e resistentes para continuarmos sobrevivendo até agora.
Não sei se na campanha do ano que vem teremos a alegria de nos reencontrarmos todos, ali no posto de saúde. Digo isso porque entre um sorriso aqui, um abraço ali, pude perceber bem na minha frente na fila de espera uma senhora bem avançada em anos, que sofria bastante com o acesso de tosse que a acometia. Não falei nada, mas pelo estado da senhorinha e o roncar acompanhado de chiados de sua tosse incontrolável, fiquei com a impressão que essa dose de vacina que ela iria tomar dentro de instantes, pode ter chegado até ela tarde demais...

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